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Sindifisco, 01/04/2024

Ato ‘Ditadura Nunca Mais’ em Aracaju reúne democratas e sindicalistas

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Do SINDIFISCO/SE, José Antônio relembra memórias de auditores e familiares de colegas do Fisco presos, torturados e mortos pela Ditadura

 

 

Hoje, o dia em que o Golpe Militar de 1964 completa 60 anos, em várias capitais brasileiras teve manifestações em defesa da democracia e pela punição aos golpistas que depredaram a Praça dos Três Poderes em Brasília (Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal), no dia do 8 de janeiro de 2023.

 

Na capital sergipana, democratas e lideranças sindicais e populares realizaram o ato no Calçadão João Pessoa. Do Sindicato do Fisco de Sergipe (SINDIFISCO/SE) representaram a entidade o presidente e a diretora de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, respectivamente, José Antônio e Solange Silva.

 

Uma semana antes da Ditadura completar 60 anos, José Antônio e Solange Silva também estavam na Marcha da Classe Trabalhadora. Os protestos levaram às ruas da capital motes ‘por mais democracia’, ‘mais direitos’; ‘por prisão para golpistas’ e ‘contra o genocídio na Palestina'.

 

Durante o ato desta segunda-feira (1º de abril), várias intervenções destacaram a importância de relembrar o golpe militar de 1964, como uma forma de manter viva na memória do país, os dias de obscurantismo, para que nunca mais se repitam atos que coloquem em risco o pleno exercício da democracia.

 

Memórias do Fisco: Agonalto Pacheco e Jayme Miranda

“Esses movimentos que tentam aniquilar a democracia na verdade são movimentos contra a classe trabalhadora, contra os interesses imediatos dos salários e das condições de vida dos trabalhadores. E o SINDIFISCO/SE não poderia estar ausente neste momento, até porque temos no Fisco pessoas que foram perseguidas e mortas pela Ditadura. Por isso que reafirmamos, Ditadura nunca mais e sem anistia para aos golpista de 8 de janeiro”, destacou José Antônio.

 

Das memórias do Fisco sergipano, José Antônio relembrou dois personagens que ficaram na história: jornalistas e militantes de esquerda Agonalto Pacheco e o lendário Jayme Miranda.

 

Quem foi JAYME MIRANDA?

O alagoano JAYME MIRANDA é pai do auditor fiscal Jaime Miranda. O lendário Jayme Miranda foi advogado, jornalista e militante comunista: sequestrado, torturado e assassinado pela ditadura militar. Jayme Miranda está entre outras centenas de ativistas desparecidos e torturados, porque “(...) não teve o receio de infringir as restrições da hora vivida que tira do homem o direito de livre ideia e livre pensar”, como apelou o pai do ativista, Manoel Simplício de Miranda em (22/03/1975), ao então general-presidente Ernesto Geisel por notícias do filho desparecido.

 

Jayme Miranda desapareceu no dia 4 de fevereiro de 1975, no Rio Janeiro. O corpo jamais foi encontrado. Era um dos principais membros do chamado Partidão, Partido Comunista Brasileiro (PCB).  

 

Quem foi AGONALTO PACHECO?

Sergipano de Aquidabã, o militante histórico da esquerda Agonalto Pacheco da Silva morreu aos 80 anos, em 2007. Agonalto Pacheco foi uma das 15 lideranças de esquerda libertadas em troca do embaixador americano, Charles Elbrick, sequestrado na ação mais ousada realizada pelas organizações que combatiam a ditadura militar no final dos anos 1960.

Pacheco fez parte do movimento estudantil e movimentos que protestavam contra a guerra e o nazismo. E em 1944, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), filiando-se ao mesmo em 1944. Foi diretor do jornal sergipano “Folha Popular” em 1954 e entre os anos de 1958 a 1961, exerceu o mandato de vereador do município de Aracaju, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), já que o PCB tinha se tornado ilegal.

 

Com o golpe civil-militar de 1964, Agonalto Pacheco passa a viver na clandestinidade em Aracaju. No inquérito aberto pelo Departamento de Ordem Política e Social do 28º BC, em 15 de setembro 1964, ele foi acusado de subversivo e instigador de greves dos trabalhadores e de passeatas contra o governo e autor dos editoriais do jornal do PCB, “Folha Popular”. Em São Paulo, passou a integrar o movimento revolucionário Aliança Libertadora Nacional (ALN), chefiado por Carlos Marighela, atuando junto aos movimentos sindicais. Em 08 de janeiro de 1969 foi preso e levado ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), onde permaneceu detido por oito meses, sendo submetido a vários tipos de tortura. Em 1969, membros da Aliança Libertadora Nacional e do Movimento Revolucionário 08 de Outubro (MR-8) sequestraram o embaixador norte americano, Charles Elbrick e exigiram do governo, para a libertação deste, a saída de 15 presos políticos da cadeia. Entre esses, Agonalto Pacheco, que foi levado para o México no dia 06 de setembro, passando um mês nesse país. Posteriormente, recebeu um convite do governo cubano e foi recebido por Fidel Castro no aeroporto. Passou a trabalhar no Ministério das Construções de Cuba, onde permaneceu por 10 anos. Cursou filosofia em Havana e retornou ao Brasil em setembro de 1979, após a promulgação da Lei de Anistia, durante o governo de João Baptista Figueiredo. Em 1985, Agonalto fez parte da equipe administrativa do prefeito José Carlos Teixeira, exercendo a função de secretário de governo. Nesse mesmo ano foi eleito Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto D. Pedro I. Essa figura também foi imortalizada no Museu da Liberdade de São Paulo, apontando o mesmo como um dos defensores da liberdade brasileira (SEIXAS, Kátia Patrícia Santos. Memórias de um Militante do PCB: Agonalto Pacheco. São Cristóvão, 2003)

 

Por Déa Jacobina da ASCOM do SINDIFISCO/SE

 

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